quarta-feira, janeiro 25, 2006

Protestos contra Revista Veja


CRESCEM OS PROTESTOS DO SETOR CONTRA A REVISTA “VEJA”


Campinas, 23 de Novembro - Com certeza, o número de e-mails recebidos pela revista “Veja” nesta semana irá superar de longe o total registrado na semana passada (1.431). Porque a avicultura – toda a avicultura – continua protestando veementemente contra matéria publicada pela revista nesta semana, na qual se afirma que frangos e ovos são produzidos com hormônios (vide “Revista ‘Veja’ extrapola e avicultura protesta”). E você? Já enviou o seu protesto?
Ontem, o AviSite teve acesso a algumas das mensagens contestatórias encaminhadas à redação de “Veja” (veja@abril.com.br), entre eles a assinada pelo presidente da UBA, Zoé Silveira d’Ávila, que lamenta a emissão de comentários que não têm qualquer procedimento e lembra que todo o desenvolvimento da atividade, hoje maior exportadora mundial de carne de frango e fornecedora de quase uma centena e meia de países, “baseia-se no desenvolvimento e aprimoramento genético”. Nesse sentido – diz a UBA – ficam disponibilizados os técnicos avícolas brasileiros (“com reconhecimento mundial”) para bem informar a enorme parcela de leitores de “Veja”.
Porém, a manifestação mais contundente parece ter sido a do Professor Antônio Mário Penz Jr., justamente o técnico brasileiro que mais tem se esforçado por levar aos jornalistas, aos mais variados meios de comunicação e à própria opinião pública informações coerentes e corretas sobre a nutrição de frangos e poedeiras.
A propósito, leia-se o que escreveu ontem à direção da revista “Veja” - a partir de Porto Alegre (RS), onde reside - o Professor Mário Penz:
“Hoje pela manhã, quando entrei na internet, encontrei vários e-mails lamentando a qualidade do artigo escrito pela Sra. Rosana Zabaki (autora de “A mania dos orgânicos”). Durante todo o dia recebi outros tantos e-mails e muitos telefonemas sobre o mesmo assunto. Quando recebi a Veja, que só chega em minha casa após o almoço das segundas feiras, fui ler o artigo referenciado.
QUE LÁSTIMA!!
Às vezes fico pensando se é falta de conhecimento ou desejo de tornar o artigo mais atrativo. De qualquer forma, esta Sra. prestou um desserviço aos leitores, induzindo-os a alguns erros graves de interpretação e de conhecimento. Não tenho o desejo de contestar todas as informações, até porque algumas delas desconheço e não posso cometer o mesmo equivoco cometido pela Sra. Rosana. Porém, no que diz respeito aos frangos e aos ovos, que absurdo!
Esta Sra. disse que o "frango orgânico não pode receber ração com hormônio de crescimento, prática corrente nas granjas convencionais para que as aves se desenvolvam mais rapidamente". Também escreveu que “as galinhas das quais os ovos provêm não recebem antibióticos nem hormônios de crescimento, prática comum nas avícolas para acelerar o desenvolvimento das aves”. Também comentou sobre “estudos americanos (quais????) que sugerem (palavra nada científica) que os hormônios podem estar associados à puberdade precoce nas meninas e às disfunções no ciclo menstrual das mulheres”.
TODAS ESTAS AFIRMATIVAS SÃO FALSAS!!!!! Em nenhuma granja “convencional”, de frangos ou de poedeiras, são usados hormônios como estimulantes de crescimento ou de produção de ovos (espero que a Sra. Rosana leia o artigo encaminhado a Veja). Os frangos desenvolvem-se mais rapidamente do que alguns leigos possam crer por todas as técnicas aplicadas na área da genética, da nutrição, da sanidade e da maneira de criá-los. O mesmo vale para as poedeiras. Ao contrário, a afirmação da Sra. Rosana ignora toda esta informação e explica, de forma desqualificada, a razão para o desenvolvimento e a produção destas aves.
Antecipo a defesa da autora do artigo. Ela dirá que esta é a voz corrente e, como tal, só fez referência ao que normalmente é dito e ouvido. Estou acostumado com este tipo de justificativa. Ela é do tipo “errei, mas não foi por minha culpa”. Outra saída comum é dizer de quem contesta que “está envolvido com o setor produtivo e, portanto deve defendê-lo”. Se a segunda alternativa for a escolhida, desafio a Sra. Rosana a confirmar - de forma científica e não leviana - sua afirmação.
Meu receio, porém, é que ocorra uma terceira possibilidade: a da não resposta. Na maioria dos embates em que me envolvi, tratando deste assunto, os jornalistas não contestaram e deixaram o dito pelo não dito. Entretanto, no caso deste artigo da Veja, me posiciono de forma diferente. Sugiro que a Gerencia de Editorais e Artigos da Veja (se este é o nome do Departamento ao qual responde esta Sra.) reveja o texto e aproveite a próxima edição da revista para retratar a falsa afirmação. Lembro que o maior patrimônio de uma revista, como a Veja, é a credibilidade e, como conseqüência, tem suas edições adquiridas pelos cidadãos. O oposto é a revista tornar-se um meio de comunicação sensacionalista, que tem que buscar artigos indevidos, que justifiquem a sua venda e a sua circulação.
Caso não ocorra esta retratação, peço imediatamente o cancelamento de minha assinatura. É bom que vejam desde quando sou leitor semanal da Veja. Porém, os prejuízos deste artigo são tão grandes que não posso continuar lendo esta revista. Se seus colaboradores mentem, quando tratam de um assunto que entendo, imagina qual será o meu julgamento sobre os assuntos que desconheço e busco na revista para me informar? Será que todos são iguais, falsos e sensacionalistas?
Desta forma, reitero meu pedido de revisão e de retratação. Também digo que nesta área do conhecimento existem, no Brasil, muitos técnicos competentes, qualificados para colaborar com a Veja e evitar absurdos que, como este, só vêm para prejudicar um segmento produtivo, sério e competente.
Atenciosamente, Eng. Agro. Antônio Mário Penz Junior, PhD - Professor Titular

fonte: http://www.zootecnista.com.br/forum/forum_posts.asp?TID=2211&PN=1