segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Conservar material genético nativo é apostar no futuro



Conservar material genético nativo é apostar no futuro


A crescente demanda por produtos de origem animal nos países em desenvolvimento, concentrados principalmente na zona intertropical, tem causado rápida substituição das raças "nativas ou locais" pelas raças altamente produtivas (exóticas). Embora as nativas apresentem níveis de produção mais baixo que as exóticas, elas destacam-se por apresentar excelente adaptação aos trópicos (ambiente adverso), onde foram submetidas a uma seleção natural intensa ao longo do tempo.
Devido a necessidade crescente de se obter substancial incremento na quantidade de alimentos produzidos e, conseqüentemente, na produtividade, alguns países em desenvolvimento, especialmente o Brasil, e, principalmente, a região Nordeste, vêm implementando programas que, inevitavelmente, conduzem a diluição do germoplasma "local", através do uso intensivo de cruzamentos com raças consideradas exóticas. Muitos desses programas têm, no entanto, produzido animais mestiços com índices produtivos menores que os das raças locais. Isto fez com que alguns criadores passassem a dar mais ênfase, embora timidamente, às raças locais ou nativas pela notável adaptação ao ambiente da região semi-árida do Nordeste do Brasil.
A Embrapa Caprinos, conhecendo a importância da preservação desse material genético "in situ" (animais vivos), desenvolveu um trabalho de mapeamento em seis estados nordestinos detentores das raças nativas. Foram encontradas mais de 3000 cabeças das raças Azul, Canindé, Repartida, Marota, Moxotó, Graúna e Nambi, as quais se encontram cadastradas no Banco Brasileiro de Germoplasma Animal -BBGA. Esses rebanhos estão nos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.
Para a preservação "ex situ" (criopreservação de sêmen e embriões) das raças nativas de caprinos do Nordeste do Brasil, a Embrapa Caprinos, em parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, sediado em Brasília, desenvolve um trabalho de conservação do material genético dessa espécie, cujo objetivo é a formação do BBGA para futuros programas de melhoramento genético. O banco dispõe hoje de 912 doses de sêmen e 16 embriões da raça Moxotó, 447 doses de sêmen e 27 embriões da raça Marota, 109 doses de sêmen da raça Canindé e 6 embriões da raça Repartida.
A conservação desse material genético nativo é de importância fundamental em trabalhos de Melhoramento Animal, bem como de "Engenharia Genética", e poderá alterar completamente o quadro de produção animal no século atual. Espera-se que quando estiver totalmente disponível um "Banco de Genes" dessas raças, elas passem a desempenhar papel de extrema importância para o avanço da biotecnologia. Será através do banco que os pesquisadores irão resgatar os genes desejáveis, responsáveis por características como adaptação, tolerância ao calor, resistência a doenças exóticas e/ou parasitas e outras.
A conservação de material genético da raças e/ou tipos de caprinos nativos como Moxotó, Repartida, Canindé, Marota, Azul, Graúna e Gurguéia, é questão de bom senso, já que elas estão em perigo de extinção. O estabelecimento de programas de conservação destas raças é de fundamental importância, principalmente para a região Nordeste do Brasil, já que desempenha um papel sócio-econômico fundamental às populações, fornecendo-lhes carne, leite e pele.

Por: Francisco Luiz Ribeiro da Silva pesquisador da Embrapa Caprinos

E-mail: ribeiro@cnpc.embrapa.br


2 Comments:

At 7/8/06 04:13, Anonymous Anônimo said...

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At 16/8/06 21:17, Anonymous Anônimo said...

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